Devido às deficiências existentes do BRC-20, o criador do protocolo propôs o Runes em setembro de 2023. Seu objetivo é ser um protocolo de token fungível baseado em UTXO.
O Ordinals é uma forma de anexar informações como imagens, textos ou vídeos a um Satoshi, a unidade atômica do Bitcoin. Ele permite a criação de NFTs de Bitcoin.
O Ordinals provocou debates na comunidade. Os defensores acreditam que o protocolo expandiu os casos de uso do Bitcoin. No entanto, ele também fez com que o Bitcoin se desviasse da sua finalidade original como um sistema de transferência de dinheiro peer-to-peer.
Por ser baseado em UTXO, o Runes é mais compatível com o modelo nativo do Bitcoin e espera-se que reduza a criação de UTXO “lixo” e a pegada onchain, além de promover uma melhor experiência ao usuário.
O Runes foi lançado durante o halving do Bitcoin em 20 de abril de 2024.
Já existem protocolos e projetos NFT lançados que aproveitam o potencial do Runes, mostrando como ele despertou entusiasmo na comunidade.
O que é o Runes do Bitcoin?
O protocolo Runes foi proposto por Casey Rodarmor, criador do protocolo Ordinals, em um post de blog publicado em setembro de 2023. Seu objetivo é ser um protocolo de token fungível baseado em UTXO, que permite a emissão e o gerenciamento de tokens na rede Bitcoin.
“A criação de um bom protocolo de token fungível para o Bitcoin pode trazer uma receita significativa de taxas de transação, a mentalidade do desenvolvedor e usuários para o Bitcoin”, escreveu Rodarmor na mesma postagem do blog. O Runes foi lançado na época do halving do Bitcoin (840.000 blocos) em 20 de abril de 2024.
O protocolo Runes emite e rastreia tokens usando UTXO, que também é o modelo nativo do Bitcoin utilizado no rastreamento de transações na rede. Isso contrasta com o BRC-20, que adota o modelo de conta e não é compatível com o padrão do Bitcoin, exigindo, portanto, o uso de indexadores centralizados. Desse ponto de vista, o protocolo Runes é mais nativo e descentralizado.
Além disso, os saldos de runes são mantidos diretamente pelos UTXOs, e um UTXO pode manter qualquer quantidade de runes. Com o Runes, não são criados UTXOs “lixo”, e o mecanismo é mais eficiente e reduz a pegada onchain.
As transações são marcadas em mensagens de protocolo usando OP_RETURN seguido de um data push com a letra maiúscula R. As transações de emissão ou transferência são especificadas no data push subsequente. Mensagens de protocolo inválidas resultarão na queima de Runes.
OP_RETURN é um opcode de script na rede Bitcoin que marca a saída de uma transação como inválida e é comprovadamente impossível de ser gasta. Além disso, permite o armazenamento de 80 bytes de dados na saída da transação.
Data push é a maneira de adicionar dados ao script de uma transação, que especifica como processá-la.
A figura abaixo ilustra como o protocolo Runes funcionaria para transações de emissão e transferência:
A transferência é especificada pelo primeiro data push em uma mensagem de protocolo, que atribuiria runes da fonte original a um ou mais UTXOs novos.
A emissão é especificada pelo segundo data push. O fornecimento de tokens será atribuído a um UTXO.
Por que o runes foi criado?
O runes foi criado para aliviar e melhorar alguns dos pontos fracos exibidos por seus protocolos predecessores, a saber, Ordinals e BRC-20. Você pode se aprofundar em como eles funcionam e levaram à criação do Runes em nosso relatório detalhado sobre o Ordinals e o Runes do Bitcoin.
Aqui, vamos nos concentrar apenas nos prós e contras da evolução do Runes:
Prós
Interoperabilidade com a arquitetura do Bitcoin: O modelo baseado em UTXO do Runes se integra bem à arquitetura nativa do Bitcoin, o que aumenta a segurança. Além disso, o UTXO permite que o Runes seja compatível com a Lightning Network, expandindo seus possíveis casos de uso.
Melhor gerenciamento de UTXO: O modelo baseado em UTXO do Runes melhora a compatibilidade, reduzindo, portanto, o inchaço da blockchain e a pegada onchain. Além disso, o Runes foi projetado tendo em mente o gerenciamento responsável do token, em que mensagens inválidas resultariam na queima de runes.
Experiência mais simples para o usuário: O Runes foi projetado para operar sem a necessidade de dados offchain ou tokens nativos. Isso é diferente de outros protocolos. Por exemplo, o RGB requer dados offchain e o BRC-20 requer o uso de teoria comum para determinadas operações.
Contras
Exigir a readaptação dos usuários do BRC-20: Apesar de ter o mesmo desenvolvedor que a teoria do Ordinal, a abordagem de design do Runes é bastante diferente do BRC-20. É incerto se a aceitação atual do BRC-20, tanto do ponto de vista dos usuários quanto dos desenvolvedores, se estenderá ao Runes.
Falta de estrutura padrão: Não havia uma estrutura técnica clara quando o Runes foi proposto pela primeira vez. Desde então, houve um aumento de protocolos lançados (não relacionados a Casey Rodarmor), que incluem o Pipe (um protocolo UTXO separado inspirado no Runes), bem como o RSIC e o Runestone (projetos de “runes” do Bitcoin NFT). Embora esses projetos tenham atraído a atenção do mercado, eles também refletem uma possível divergência no ecossistema Runes.
Bitcoin Runes e outros projetos de Bitcoin
Tanto o Runes quanto o ARC-20 foram desenvolvidos para resolver algumas limitações do BRC-20 devido ao seu modelo baseado em contas.
A tabela abaixo resume os prós e contras de todos os três protocolos:
Quando o Runes foi lançado?
O Runes foi lançado durante o halving do Bitcoin em 20 de abril de 2024 e, dois dias após o lançamento, quase 7.000 Runes foram cunhados. Mesmo antes do lançamento oficial, o projeto já havia criado grande interesse e projetos derivados na comunidade com base no apelo do trabalho de Casey Rodarmor e da equipe Ordinals.
Como você pode comprar runes?
Rodarmor mencionou que os primeiros 10 Runes seriam implantados ao mintar de forma justa e aberta e iniciou uma pesquisa para coletar sugestões de nomes em fevereiro de 2024. Os nomes dos tokens têm 12 caracteres ou mais durante o lançamento inicial. Gradualmente, os nomes mais curtos serão desbloqueados e os projetos terão de pagar taxas para adquiri-los.
Vários projetos já foram lançados com vínculos com o protocolo Runes, mostrando o entusiasmo da comunidade em desenvolver o protocolo.
Projetos relacionados ao Runes
Pipe
Inspirado em Runes e BRC-20, o Pipe é um protocolo de token baseado em UTXO lançado no Bitcoin em setembro de 2023. Criado por BennyTheDev, o criador do protocolo Tap (protocolo Bitcoin Ordinals que suporta OrdFi), o Pipe permite que os usuários implantem, mintem e transfiram tokens na rede Bitcoin.
Seu objetivo é aprimorar o Runes, fornecendo mintagem justa (chance igual de adquirir tokens). O $PIPE foi o primeiro token lançado no Pipe.
Circuito de inscrição específico de runes (RSIC)
O RSIC Metaprotocol é um projeto que combina Ordinals com yield farming, consistindo em 21.000 NFTs de Bitcoin com símbolos rúnicos, com 90% dos NFTs sendo feitos airdrop para endereços de carteira Ordinals ativos selecionados em janeiro de 2024.
Após a ativação, os titulares de NFTs podem ganhar “runes” (token emitido no protocolo Runes; observe que não é um token oficial lançado por Casey Rodarmor). No momento em que este artigo foi escrito, o RSIC tinha um preço mínimo de 0,089 BTC.
Runestone
Runestone é um projeto NFT liderado pelo fundador da plataforma ord.io (@LeonidasNFT). Em março de 2024, foi feito airdrop de Runestones para endereços de Bitcoin com três ou mais inscrições sem texto antes do auge do bloco de 826.600 (aniversário de um ano do Ordinals).
Antes do airdrop, o Runestone nº 63.140.674 foi leiloado por ~8 BTC (US$ 544.000 com base no preço durante o leilão). Semelhante ao RSIC, Leonidas mencionou que o Runestone seria “convertido” em um token lançado no protocolo Runes.
No momento em que este artigo foi escrito, havia 112.384 Runestones, com um preço mínimo de 0,058 BTC e um volume total de transações de 24 BTC.
Conclusão: Os Runes são a próxima grande novidade do Bitcoin?
O Ordinals representa um desenvolvimento significativo no ecossistema do Bitcoin. Ele cria utilidade adicional na rede Bitcoin ao permitir a criação de NFTs e tokens. O padrão de token BRC-20 foi um dos principais impulsionadores do protocolo Ordinals e, desde seu lançamento, estabeleceu a base para o desenvolvimento de mais ferramentas e infraestrutura (por exemplo, carteiras, protocolos de concorrentes).
No entanto, o Ordinals e o BRC-20 também foram alvo de muita controvérsia. Parte da comunidade acredita que o Ordinals fez com que o Bitcoin se desviasse de seu objetivo pretendido como mecanismo de transferência peer-to-peer. Ele também causou congestionamento na rede e deu origem ao protocolo Runes, que visa a resolver esse problema.
A comunidade está entusiasmada com o protocolo, conforme demonstrado pelos protocolos emergentes inspirados pelo Runes e pelos quase 7.000 Runes que foram mintados em menos de dois dias após o lançamento.
Com esses desenvolvimentos do Ordinals, BRC-20 e, posteriormente, do Runes, vimos uma inovação contínua no ecossistema do Bitcoin e o potencial para, como diz Casey Rodarmor, “tornar o Bitcoin divertido novamente”.
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