BTC tokenizado

Este relatório fornece uma visão comparativa do BTC tokenizado, examinando os principais benefícios e desafios associados a diferentes modelos, bem como o impacto disruptivo de novas entradas no mercado, como o CDCBTC.

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Resumo Executivo

• BTC tokenizado refere-se a uma representação tokenizada do Bitcoin, que permite ao BTC ser usado noutras blockchains além da rede Bitcoin. Esses tokens são indexadas ao valor do Bitcoin, de modo a permitir aos utilizadores acederem e usarem Bitcoin em diferentes ecossistemas de blockchain.
• Embora o WBTC atualmente domine o mercado de BTC tokenizado com 60% da oferta total no Ethereum, o aumento do escrutínio sobre os riscos de custódia após as mudanças de custódia do BitGo resultou na perda de participação de mercado para novas entradas como o CDCBTC e o 21BTC.
• Os tipos de BTC tokenizado podem ser classificados em modelos centralizados e descentralizados:
  • O BTC tokenizado centralizado envolve uma ou mais entidades centralizadas confiáveis para manter o valor do token por manter fundos de BTC num cofre e emitir a representação tokenizada em troca.
  • O BTC tokenizado descentralizado pode ser ainda dividido em modelos apoiados por BTC e modelos sintéticos, que não requerem custódia centralizada para gerir a cunhagem e o resgate.
• Diferentes soluções de BTC tokenizado oferecem vários benefícios e compromissos:
  • O BTC tokenizado centralizado oferece vantagens como alta acessibilidade e liquidez aprimorada, mas apresenta riscos devido ao risco de custódia e à transparência da reserva de fundos.
  • As soluções de tokenização descentralizadas com BTC como o ativo de garantia beneficiam de um modelo descentralizado e sem confiança, embora possam estar expostas ao risco de conluio da rede de signatários.
  • A solução sintética oferece alta transparência através da governação impulsionada pela comunidade. No entanto, a implementação relativamente complicada e as desvantagens, como alta taxa de garantia e dependência de oráculos, a tornam menos aceita.
• Novas entradas como o CDCBTC da Crypto.com e o 21BTC da 21Shares podem capturar participação de mercado ao oferecer maior transparência e segurança em comparação com as soluções existentes.
  

1. Introdução

Bitcoin (BTC) é de longe a maior criptomoeda por capitalização de mercado e permanece a criptomoeda mais líquida. Atualmente, a taxa de dominância do BTC, ou a sua participação na capitalização de mercado total, é de cerca de 60%.

Apesar da dominância do Bitcoin, a sua posição original como sistema de pagamento peer-to-peer com programabilidade limitada restringiu historicamente a sua utilidade em apps de finanças descentralizadas (DeFi), o que limitou os seus casos de uso e levou a uma necessidade crescente de BTC tokenizado.

BTC tokenizado refere-se a uma representação tokenizada do Bitcoin (BTC) e permite ao BTC ser usado noutras blockchains além da rede Bitcoin. Esses tokens são indexadas ao valor do Bitcoin, de modo a permitir aos utilizadores acederem e usarem Bitcoin em diferentes ecossistemas de blockchain. De certa forma, o BTC tokenizado funciona de maneira semelhante ao modo como uma stablecoin é indexada a uma moeda fiat, como o dólar americano, a uma taxa de 1:1.

Principais benefícios do BTC tokenizado incluem:

• Programabilidade: BTC tokenizado permite que o BTC seja usado em plataformas de contratos inteligentes como a Ethereum, aumentam a liquidez e a usabilidade em várias apps descentralizadas (dapps).
• Acessibilidade: BTCs tokenizados são negociáveis em exchanges, onde a liquidez é fornecida. Além disso, muitas blockchains oferecem bridges que permitem aos utilizadores converter o seu BTC ou BTC tokenizado no token digital equivalente da rede e vice-versa.

1.1 Mercado de Derivados de BTC

As soluções BTC tokenizadas experimentaram um rápido crescimento da oferta desde o lançamento da primeira solução em janeiro de 2019, impulsionado principalmente pelo aumento da atividade na Ethereum, atingindo um recorde histórico (ATH) em abril de 2022. Atualmente, o fornecimento total das principais soluções BTC tokenizadas na Ethereum é de cerca de 235.800, com o WBTC mantendo uma participação de 60%.

Além das soluções BTC tokenizadas, o Bitcoin pode ser usado em outras blockchains via soluções de Camada-2 (C2), que permitem aos programadores construir sobre o Bitcoin sem modificar o seu protocolo central. Elas também melhoram a velocidade das transações e reduzem as taxas, e algumas soluções C2 também introduziram capacidades de contratos inteligentes, de modo a expandirem os potenciais casos de uso do Bitcoin.

1.2 WBTC e os seus Problemas

Lançado em janeiro de 2019, o WBTC é o primeiro token BTC tokenizado e atualmente domina o mercado BTC tokenizado com cerca de 82,6% da participação na capitalização de mercado. No entanto, preocupações crescentes sobre a sua gestão e custódia levaram muitos investidores a buscar melhores alternativas. O WBTC sofre dos seguintes problemas:

• Falta de Transparência Operacional: Críticos apontaram que a dependência do WBTC na BitGo como detentor da custódia introduz riscos relacionados à transparência e responsabilidade. Embora a BitGo tenha assegurado aos utilizadores que a Bitcoin que sustenta o WBTC não voltará a ser hipotecado ou emprestado, a comunidade permanece cautelosa quanto à natureza centralizada da custódia.
• Transição para uma Custódia Multijurisdicional: WBTC passou de um modelo de custódia baseado nos EUA para uma configuração multi-jurisdicional que envolve os EUA, Singapura e Hong Kong. Além disso, a custódia do WBTC agora é gerida por uma joint venture entre a BitGo e a BiT Global, associada a Justin Sun, o fundador da TRON.
• Preocupações Sobre a Influência: O envolvimento de Justin Sun gerou ceticismo nacomunidade cripto, pois muitos temem que a sua influência possa levar ao uso indevido do WBTC.

Plataformas como a Sky (anteriormente MakerDAO) prosseguiram para eliminar o WBTC como garantia após a mudança de custódia do WBTC, e outras grandes exchanges de cripto pararam de transacionar WBTC em novembro, o que gerou uma reação negativa da comunidade cripto.

2. Tipos de BTC Tokenizado

Normalmente os mecanismos de tokenização podem ser classificados em modelos centralizados e descentralizados (ver tabela abaixo).

2.1 BTC Tokenizado Centralizado

BTC tokenizado centralizado utiliza a técnica de tokenização centralizada, que envolve uma ou mais organizações/custodiantes confiáveis para manter o valor do BTC tokenizado o guardar fundos de BTC num cofre e criar a representação tokenizada em retorno. Os terceiros donos da custódia são responsáveis por fornecer a Proof of Reserves (PoR), que verifica que os ativos bloqueados estão armazenados com segurança e não são utilizados noutras apps.

Isto permite aos utilizadores usarem a sua Bitcoin em várias apps, noutras blockchains, enquanto confiam nas entidades centralizadas para segurança e gestão. Veja o CDCBTC da Crypto.com, por exemplo. Os processos de cunhar e queimar são ilustrados abaixo:

• Cunhagem (o processo de criação de novos BTC tokenizados): Quando os utilizadores levantam o seu BTC para as blockchains suportadas, a Crypto.com cunhará a quantidade correspondente de CDCBTC, que os utilizadores receberão na sua carteira de destino para uso em DeFi.
• Queima (a ação de resgatar Bitcoin por CDCBTC): Se depositar CDCBTC de volta para a Crypto.com, o CDCBTC será feito automaticamente o unwrap para BTC, para os fundos estarem disponíveis para transação ou uso em outros produtos.

21BTC é outra das últimas alternativas ao WBTC. Desde o seu lançamento no Solana (maio) e Ethereum (setembro), o 21BTC teve um rápido crescimento, com um fornecimento total de 113,42 BTC, e ativos sob gestão (AUM) atingindo $9,81 milhões.

Veja abaixo a comparação detalhada dos principais tokens BTC tokenizados centralizados:

2.2 Tokenização Descentralizada de BTC

O BTC tokenizado descentralizado pode ser ainda subdividido em modelos apoiados por BTC e sintéticos, que não requerem que o ativo original seja bloqueado num cofre de confiança.

2.2.1 Tokenização Apoiada por BTC

Nesta abordagem, o BTC tokenizado é gerido por contratos inteligentes, que tratam dos processos de cunhagem, queima e manutenção da garantia do ativo sem a necessidade de intermediários confiáveis. Exemplos típicos de bitcoins tokenizados descentralizados incluem renBTC (encerrado em dezembro de 2022) e tBTC, que substitui a custódia centralizada de um grupo de nós na rede Threshold; o seu fluxo de trabalho está resumido abaixo:

Depósito

• Um grupo de 100 operadores de nós, periodicamente e aleatoriamente selecionados, é escolhido como ‘signatários’. Estes signatários criam 51-de-100 carteiras com threshold-ECDSA-para manter os saldos de conta em ativos Bitcoin congelados.
  
• Os depositantes enviam Bitcoin para a carteira criada mais recentemente, que contém informações hash sobre o endereço Ethereum do depositante.
  
• O depositante revela o seu depósito de BTC para a blockchain Ethereum. A bridge verifica então a rede Bitcoin para garantir que os fundos correspondem.
  
• Se tudo estiver correto, a carteira threshold varre os fundos e atualiza os saldos da conta no lado do Ethereum.

Resgate

• Um utilizador com um saldo de conta fornece um endereço Bitcoin.
  
• O sistema deduz o montante correspondente do saldo da conta e transfere o equivalente em Bitcoin da carteira de resgate para o utilizador.
  
• O montante máximo de resgate é limitado pelo tamanho da maior carteira; qualquer resgate que exceder este limite precisará ser dividido em várias transações.

Os signatários no tBTC usam ETH como garantia, e a taxa de garantia é de 150%, o que significa que para cada 1 BTC do utilisador que o signatário mantém, o signatário deve ter 1,5 BTC no equivalente de ETH bloqueado.

O modelo do renBTC era semelhante ao do tBTC, onde os validadores faziam stake do token nativo, REN, para participar do protocolo. No entanto, o Ren acabou por ficar dependente de um grupo de signatários controlados pela equipa, o que levou ao declínio dos seus ativos principais quando a sua empresa-mãe se envolveu na queda do FTX.

2.2.2 Tokenização Sintética

A tokenização sintética não requer o bloqueio do ativo original (nomeadamente BTC) num cofre de confiança ou num contrato inteligente para cunhar um token sintético com paridade ao Bitcoin.

Em vez disso, ativos sintéticos têm como garantia outros tokens, semelhantes a stablecoins ou outros tokens de plataforma. Um token sintético não pode ser resgatado pelo token imitado (por exemplo, BTC); em vez disso, apenas a garantia pode ser resgatada. Esta abordagem permite que os utilizadores bloqueiem o seu Bitcoin num contrato inteligente em troca de um ativo sintético de valor equivalente.

Um exemplo é o sBTC da Synthetix, um ativo sintético desenvolvido na plataforma Synthetix. Lançado em fevereiro de 2019, é um BTC tokenizado sintético na Ethereum e é cunhado com base no valor do token nativo SNX, que serve como a principal garantia para os ativos sintéticos (Synths) no Synthetix. Todos os Synths são suportados por uma taxa de garantia definida pela governação. Os stakers de SNX assumem dívidas quando cunham Synths e devem queimar Synths para sair do sistema. No entanto, a Synthetix suspendeu a troca de moedas sintéticas além de sUSD (ou seja, sBTC) na Ethereum em abril de 2024.

3. Benefícios e Desafios

Enquanto os tokens BTC tokenizados ganharam maior popularidade desde a sua estreia, de forma a facilitar a comunicação cross-chain e permitir que a Bitcoin seja usado em diferentes redes blockchain, eles também vêm com riscos inerentes. Abaixo, analisamos os prós e contras de cada tipo de BTC tokenizado.

4. Conclusão

Embora o WBTC atualmente lidere em liquidez, ele está sob crescente escrutínio em relação aos riscos centralizados e viu o fornecimento líquido diminuir por quatro meses consecutivos desde agosto. A procura por soluções BTC tokenizadas que possam equilibrar efetivamente liquidez e segurança tornou-se mais crucial do que nunca.

Embora as soluções de tokenização de BTC descentralizadas tenham demonstrado maneiras transparentes e verificáveis de emissão de tokens, as armadilhas — incluindo a implementação complicada e outros riscos — limitam a sua aceitação. Novas alternativas centralizadas tokenizadas, como CDCBTC e 21BTC, podem conquistar participação de mercado ao oferecer maior transparência e segurança, bem como maior aceitação.

Por exemplo, o 21BTC viu o seu fornecimento total aumentar para 113,42 entre a sua estreia de maio até novembro. Além disso, o CDCBTC demonstrou um nível mais alto de segurança e transparência ao garantir as suas reservas de BTC com uma solução de custódia que cumpre os padrões de Tipo II do Service Organisation Control (SOC) 2, pois oferece Proof of Reserves (PoR) no roadmap. Todas as melhorias acima tornam o CDCBTC mais competitivo do que o WBTC e outras alternativas para manter a paridade com o BTC e proteger os fundos dos utilizadores.

Leia o relatório completo: BTC Tokenizado

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Autores

Equipa de Pesquisa e Insights da Crypto.com

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